Análise The Evil Within

06/03/2015 15:46
Mesmo com alguns problemas técnicos, "The Evil Within" se consolida como um clássico moderno dos games de terror e legítimo herdeiro do legado de "Resident Evil 4".
 
Com surpresas e novidades a todo momento e monstros perturbadores e desafiantes, "Evil Within" mantém o clima de suspense e tensão a todo momento, sem cair na repetição. O alto nível de dificuldade empolga sem frustrar demais, já que o herói Sebastian Castellanos dispõe de habilidades e equipamentos bons o bastante para superar os desafios pelo caminho.
 
Os controles poderiam ser melhores? Sim, bastante, mas dominá-los acaba virando mais um desafio do que um empecilho.
 
Para alguns, a história pode ser um problema também por ser um tanto quanto desconexa e demorar a dar algumas explicações, mas isso também acaba sendo parte do carisma único de uma produção arrojada de Shinji Mikami.
 
 
 
 
Revelado em abril de 2013, "The Evil Within" já nasceu com a pesada responsabilidade de ser 'o novo jogo de terror do criador de Resident Evil'.
 
Para honrar essa alcunha, o game se apoia em gráficos arrojados dos videogames de nova geração e PCs turbinados e uma série de elementos consagrados dos games de terror, incluindo um estilo de jogo que lembra bastante "Resident Evil 4", com foco na ação e habilidades e equipamentos que podem ser melhorados ao longo da aventura.
 
O protagonista é Sebastian Castellanos, detetive da cidade de Krimson que investiga uma série de eventos sobrenaturais e acaba arrastado para uma jornada que promete desafiar a sua própria sanidade e a de seus colegas.
 
 
 
 
PONTOS POSITIVOS
 
 
 
Surpresas constantes
Algo que impressiona em "The Evil Within" é como o jogo não tem vergonha de mudar de estilo quando dá na telha.
 
Em muitos momentos é um jogo de ação com montes de armadilhas, inimigos e armas ao estilo "Resident Evil 4". Em outras situações vira um jogo mais de exploração, na veia dos primeiros "RE", mas com toques de sobrevivência ao estilo do recente "Outlast".
 
Às vezes, o detetive Castellanos está sozinho em corredores estreitos, mas depois está na companhia de um colega policial explorando grandes construções em ruínas.
 
Ao longo de 15 capítulos, embates contra chefes refletem essa variedade, mesclando elementos de combates com quebra-cabeças, resultando em desafios complicados, mas muito satisfatórios de resolver.
Sucessor do legado
Com "Resident Evil 4" o diretor Shinji Mikami conseguiu renovar o gênero de survival horror que ele mesmo ajudou a criar com o primeiro episódio da série.
 
Após sair da Capcom ele repetiu a fórmula com alguns poucos ajustes em "Shadows of the Damned", focando mais em uma história com personagens e cenários malucos - muito por conta da parceria com Akira Yamaoka e Suda51.
 
Porém, com "Evil Within" o que vemos é uma verdadeira evolução de "RE4": um jogo de terror com fortes elementos de ação, mas sem nunca largar a tensão e o alto desafio típicos do survival horror.
 
Para tanto, Mikami se apóia em um bocado de clichês do gênero. Eles não são nada inovadores, mas são realizados com tanta competência e em um ritmo envolvente que de forma alguma isso é problema.
 
As situações são todas manjadas: o hospital abandonado, a igreja em ruínas, cavernas infestadas de monstros, a mansão assombrada e assim por diante. De certa maneira, parece até que "Evil Within" se esforça para ser uma compilação de 'grande momentos' dos games de terror - e cumpre isso muito bem.
 
 
 
 
PONTOS NEGATIVOS
 
 
 
Controles limitados
Lá atrás, em 2005, os controles de "Resident Evil 4" representaram uma enorme evolução para games de ação e terror, oferecendo um grau de liberdade sem precedentes. Para os padrões atuais, porém, já são ultrapassados e um tanto quanto limitados e "Evil Within" briga com essa herança.
 
Castellanos anda lentamente e cansa rápido quando corre. Para subir escadas e plataformas e ativar alavancas é também de uma lerdeza muito incômoda. Abrir portas é igualmente vagaroso e a única alternativa é o total oposto: abrir na base da pancada, no susto, chamando atenção de inimigos.
 
Atacar é também outro martírio: no início, sem evoluir atributos das armas, a mira é pra lá de imprecisa e o policial demora para atirar de novo. Golpes com tochas e machados também demoram um bocado.
 
Gráficos muito bonitos e detalhados dão vida a cenários com limites que nem sempre são claros: algumas caixas podem ser quebradas para encontrar itens, enquanto outras sequer se mexem ao serem golpeadas. E ainda há algumas famigeradas paredes invisíveis, que sem muita explicação impedem você de avançar para onde o jogo não quer - mesmo que pareça que dá, sim, para avançar.
 
Contudo, também dou o braço a torcer: "Evil Within" apresenta tudo isso de uma tal maneira que, a princípio, é um incômodo, mas logo se torna mais um dentre os tantos desafios do jogo para dominar. Não basta saber lidar com os inimigos e armadilhas do cenário, é necessário também administrar suas próprias limitações e saber o momento de atacar, defender e fugir.
História desconexa
A proposta de "Evil Within" não tenta reinventar a roda: uma tragédia acontece em um hospital da cidade Krimson, levando o detetive Castellanos e outros dois policiais a investigar o caso e se envolver em uma estranha história. Aparentemente, um fantasma de um médico está ligado a experimentos bizarros com ondas cerebrais que transformam pessoas em zumbis e monstros.
 
A história sem muito nexo no começo leva os personagens a cenários e situações diversas, trazendo grande variedade ao game, mas demora a dar respostas.
 
Não que isso seja muito problema já que o clima de tensão torna muito importante se preocupar em sobreviver do que exatamente entender o que está acontecendo, mas quem dá muita importância à história do game pode demorar a receber as explicações que procura em "Evil Within".
 
Ao menos, como manda a tradição do gênero, documentos com textos espalhados pelos cenários ajudam a explicar um pouco mais sobre os personagens. Pena que "Evil Within" segue na contramão dos principais jogos do momento e não traz nem sequer legendas em português, dificultando bastante a compreensão da história para quem não domina outros idiomas, como inglês e francês.

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